As autoridades japonesas deram a aprovação final para reiniciar a central nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, marcando uma mudança significativa na estratégia energética do país. A instalação, a maior central nuclear do mundo, ficou inactiva durante quase 15 anos após o desastre nuclear de Fukushima em 2011, que levou ao encerramento de todos os 54 reactores nucleares do país.
A decisão de reiniciar as operações na fábrica de Kashiwazaki-Kariwa, localizada a cerca de 220 quilómetros a noroeste de Tóquio, seguiu-se a extensas inspeções e a uma votação da Assembleia da Prefeitura de Niigata. O público japonês está cauteloso com a energia nuclear na sequência do desastre de Fukushima, onde um poderoso terramoto e subsequente tsunami provocaram o colapso do reactor na central de Fukushima Daiichi, resultando em graves emissões radioactivas e evacuações generalizadas.
Após a catástrofe, o Japão reiniciou cautelosamente 14 dos 33 reactores restantes em funcionamento, como parte de um esforço mais amplo para reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados. A instalação de Niigata foi originalmente operada pela Tokyo Electric Power Company (TEPCO), que assumiu a responsabilidade pela usina de Fukushima durante o desastre.
Antes do colapso, a energia nuclear representava cerca de 30% da geração de eletricidade do Japão. No entanto, desde então, o país tem dependido cada vez mais de combustíveis fósseis mais caros e poluentes, como o carvão e o gás, que representam agora 60-70% da produção de electricidade. A mudança paralisou a economia do Japão, com as importações de combustíveis fósseis a custarem 68 mil milhões de dólares no ano passado.
O reinício da central de Kashiwazaki-Kariwa coincide com a evolução das necessidades energéticas do Japão, particularmente com a necessidade de eletricidade para apoiar centros de dados críticos para a infraestrutura de inteligência artificial. Além disso, a iniciativa faz parte do compromisso do Japão de atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050, dada a sua posição como o quinto maior emissor de dióxido de carbono a nível mundial.
O desastre de Fukushima mudou fundamentalmente a abordagem do Japão em relação à energia nuclear. O terremoto de magnitude 9,0 a 9,1 – o mais forte já registrado na região – desencadeou um tsunami que inundou a usina de Fukushima Daiichi. As inundações comprometeram geradores de reserva e sistemas de resfriamento, resultando em vários derretimentos de reatores, explosões de hidrogênio e contaminação radioativa significativa. A crise não só provocou evacuações em massa, mas também estabeleceu um novo rumo para a política energética do Japão.





