A administração Trump anunciou um pacote significativo de vendas de armas a Taiwan, no valor de mais de 10 mil milhões de dólares, que inclui uma série de equipamento militar avançado, como mísseis de médio alcance, obuses e drones. O anúncio ocorreu durante o discurso do presidente Trump transmitido pela televisão nacional, que não abordou questões de política externa, incluindo a tensa relação com a China.
O acordo de armas marca o maior pacote de armas da história dos EUA para Taiwan, ultrapassando US$ 8,4 bilhões anteriormente em vendas de armas dos EUA durante a administração do presidente Biden. Os contratos, que ainda requerem aprovação do Congresso, incluem oito vendas separadas envolvendo 82 sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) e 420 sistemas de mísseis táticos do Exército (ATACMS), totalizando mais de US$ 4 bilhões. Além disso, o pacote inclui 60 sistemas de obuseiros autopropulsados e tecnologias relacionadas, no valor de mais de US$ 4 bilhões, e drones no valor de mais de US$ 1 bilhão.
O pacote abrangente inclui software militar no valor de mais de mil milhões de dólares, mísseis Javelin e Tau no valor de mais de 700 milhões de dólares, peças sobressalentes para helicópteros no valor de 96 milhões de dólares e kits de atualização para mísseis Harpoon no valor de 91 milhões de dólares. De acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, o valor total dos contratos anunciados é de 11,15 mil milhões de dólares.
O Departamento de Estado dos EUA declarou que estas vendas de armas se alinham com os interesses nacionais dos EUA e apoiam os esforços contínuos de Taiwan para desenvolver as suas capacidades militares. O departamento enfatizou que a venda proposta contribuiria para a estabilidade política regional e o equilíbrio militar.
A China reagiu fortemente ao anúncio, denunciando-o como uma violação dos acordos diplomáticos e uma violação da soberania. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, caracterizou a venda como um aumento de tensões e alertou que a busca da independência de Taiwan por meios militares aumentaria o risco de confronto. Guo deixou claro que o apoio dos EUA à independência de Taiwan acabaria por sair pela culatra e que usar Taiwan como meio de combater a China seria inútil.
É obrigatório o apoio americano à autodefesa de Taiwan, o que é contestado pela promessa da China de recuperar o controlo de Taiwan, possivelmente através da força militar. O Ministério da Defesa de Taiwan expressou a sua gratidão pela venda de armas, confirmando que aumentará significativamente as capacidades de autodefesa da ilha e servirá como um elemento dissuasor contra potenciais ataques.
O ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Lin Chia-lung, ecoou o sentimento, destacando a importância do apoio dos EUA à defesa de Taiwan para aliviar as tensões no Estreito de Taiwan, uma área chave que separa Taiwan do continente. No meio das tensões regionais em curso, o governo de Taiwan comprometeu-se a aumentar os gastos militares para 3,3% do seu PIB no próximo ano, visando 5% até 2030, em resposta às pressões para uma postura de defesa mais forte.
Num esforço paralelo, o Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, revelou recentemente um orçamento especial de 40 mil milhões de dólares destinado a aquisições militares, incluindo planos para um sofisticado sistema de defesa aérea denominado Taiwan Dome. Este orçamento está programado para ser entregue ao longo de oito anos, de 2026 a 2033.
A recente iniciativa de venda de armas segue-se à acção legislativa no Congresso dos EUA, que sinaliza a continuação da ajuda militar a Taiwan, destacando ainda mais a crescente relação EUA-China. A embaixada chinesa em Washington criticou recentemente a legislação, classificando-a como um reflexo injusto das percepções dos EUA sobre a China como agressora.



