A recente divulgação de um vídeo que mostra Fatemeh Shamkhani, filha de Ali Shamkhani, um dos principais assessores do Líder Supremo do Irão, gerou controvérsia e indignação pública. Imagens compartilhadas na plataforma de mídia social X mostram a luxuosa cerimônia de casamento no Espinas Palace Hotel em Teerã, com Shamkhani carregando orgulhosamente sua filha em um atraente vestido de noiva sem alças. Ao entrar no palco, os convidados puderam ser vistos batendo palmas, destacando a riqueza do evento.
A visão contrasta fortemente com os rígidos códigos de vestimenta do governo iraniano para as mulheres, levando muitos a criticar a demonstração de duplicidade do regime. Os observadores argumentam que a celebração suntuosa sublinha a hipocrisia da liderança, que impõe leis rigorosas sobre o hijab ao público em geral, ao mesmo tempo que permite que as suas elites ignorem essas leis. Isto levantou preocupações significativas, especialmente à luz do papel passado de Shamkhani na repressão de protestos contra os mandatos do hijab.
A activista exilada Masih Alinejad condenou o incidente, notando a ironia do facto de a filha de um oficial de alto escalão estar a deleitar-se com um vestido de marca enquanto muitas mulheres no Irão enfrentam consequências violentas por mostrarem o cabelo. Alinejad acusou o regime iraniano de promover uma imagem de modéstia, que ela argumenta não se aplicar às famílias das elites governamentais.
As críticas também vieram do político sueco-iraniano Alireza Akhondi, que classificou o casamento como uma representação clara de corrupção e status, enfatizando que a escolha do vestido de Fatima Shamkhani foi uma consequência direta da posição influente de seu pai, e não um reflexo de qualquer dogma religioso.
O momento da divulgação do vídeo é significativo, pois coincide com os planos do Irão de reforçar a sua força policial moralista, com 80.000 agentes empenhados em aplicar regulamentos rigorosos sobre o hijab em Teerão. É provável que tais desenvolvimentos intensifiquem as frustrações existentes entre muitos cidadãos que vêem uma clara inconsistência na forma como o governo implementa as suas leis, especialmente no que diz respeito aos direitos das mulheres.
Ali Shamkhani, 70 anos, é um aliado de longa data do Líder Supremo, Aiatolá Khamenei, e já ocupou cargos importantes, incluindo ministro da Defesa e chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Sua carreira política incluiu supervisionar uma dura repressão aos protestos após a morte em 2022 de Mahsa Amini, de 22 anos, que morreu sob custódia policial após supostamente violar as leis do hijab. A resposta violenta do governo aos protestos que se seguiram resultou em mais de 500 mortes e milhares de detenções, com especial destaque para mulheres e raparigas.
À medida que o sentimento público reverbera através das redes sociais e não só, as implicações deste incidente provavelmente repercutirão num contexto mais amplo de críticas ao governo iraniano e ao tratamento que dispensa às mulheres.







