18 Agosto 2025

Drácula de Luc Besson: Uma Aposta Milionária no Romance que Desafia Quatro Séculos

A nova e ambiciosa produção do cinema francês, dirigida por Luc Besson, busca reinventar um dos monstros mais icônicos da literatura. Intitulado originalmente Dracula: A Love Tale, o filme se distancia das adaptações tradicionais ao focar mais no romance trágico do que no terror. Com Caleb Landry Jones no papel principal, acompanhado por Christoph Waltz, Matilda De Angelis e Zoë Bleu, a obra transporta a ação para a Paris da Belle Époque, prometendo uma visão inédita do clássico de Bram Stoker.

Uma História de Amor Reencarnada

Um dos elementos mais marcantes na proposta de Besson é a transformação do Conde Drácula em uma figura trágica e apaixonada. A principal motivação do personagem é a busca pela reencarnação de sua amada esposa, Elisabeta, perdida há séculos. A narrativa abandona a clássica viagem a Londres e se estabelece em uma Paris vibrante e decadente. É nesse cenário que o vampiro, marcado por uma tragédia secular, aguarda por 400 anos a chance de se despedir de seu grande amor. A trama é desencadeada quando ele encontra Mina, uma mulher com a aparência idêntica à de Elisabeta, levando Drácula a usar todos os seus recursos para atraí-la e desafiar o destino.

O Elenco e o Conflito Filosófico

O elenco de apoio busca adicionar camadas à história. Christoph Waltz interpreta um padre, que serve como o contraponto racional e espiritual à obsessão amorosa do protagonista. Descrito como um homem pragmático e devoto, seu personagem representa o conflito entre as forças humanas e o sobrenatural, trazendo uma dimensão ética e filosófica ao confronto com Drácula. Matilda De Angelis e Zoë Bleu complementam o elenco, explorando temas como redenção e escuridão a partir de uma perspectiva emocionalmente complexa.

Uma Proposta Artística Questionável

Apesar da premissa grandiosa, a decisão de Besson de revisitar a história de Drácula soa como uma escolha arbitrária. O roteiro se mostra preguiçoso na busca por qualquer tipo de inovação e é excessivamente dependente da icônica versão de Francis Ford Coppola, o que torna difícil justificar sua existência. Embora a direção de cena não seja incompetente — afinal, Besson possui 40 anos de experiência na indústria cinematográfica —, as atuações e o excesso de drama nas cenas principais geram momentos de comédia involuntária que beiram o mau gosto (kitsch).

Atuações Problemáticas e o Veredito Final

O próprio diretor declarou que o desejo de realizar o filme surgiu da vontade de trabalhar com os atores Caleb Landry Jones e Zoë Bleu. No entanto, a performance de Bleu é, na melhor das hipóteses, apagada. Já a interpretação de Landry Jones como Drácula é bizarra, uma imitação quase caricata dos trejeitos de Gary Oldman no mesmo papel, mas sem o talento para fazê-los funcionar. Uma cena específica, na qual o vampiro ri como se estivesse tendo um ataque de asma, é particularmente constrangedora. A competência técnica do diretor impede que o filme entre para o seleto grupo de obras “tão ruins que ficam boas”. Ele é, simplesmente, um projeto fracassado em quase todos os seus aspectos.