O chef do Prince William’s Eco Awards se recusou a planejar um menu vegano “irreverente”

Um chef brasileiro se recusou a planejar um banquete do Prêmio Earthshot depois de ser solicitado a preparar um menu vegano “irreverente”.

Saulo Jennings foi convidado para entregar o prêmio ambiental anual instituído pelo Príncipe William em 2020.

Este ano, o Rio de Janeiro recebe a premiação que o príncipe entregará no dia 5 de novembro.

Jennings esperava criar canapés para os 700 convidados usando ingredientes sustentáveis ​​da floresta amazônica, pela qual é conhecido.

Mas os organizadores lhe disseram que todo o cardápio deveria ser vegano, o que ele descreveu como “desrespeitoso”.

“É como pedir ao Iron Maiden para tocar jazz”

Ele planejava entregar aos convidados uma piraruca, um grande peixe de rio que se tornou um símbolo da restauração ambiental da Amazônia diante do desmatamento, disse o New York Times.

“É como pedir ao Iron Maiden para tocar jazz”, disse Jennings ao jornal. “Foi uma falta de respeito pelas nossas tradições culinárias e pela própria Amazônia”.

O Prémio Earthshot reconhece a inovação na protecção ambiental e 15 finalistas competirão pela oportunidade de ganhar 1 milhão de libras cada em cinco categorias.

O evento será realizado no futurista Museu do Amanhã, no Rio, e alimentos sem carne costumam ser oferecidos na premiação por serem ecológicos.

No entanto, o príncipe William não teve voz no cardápio nem no pedido de que fosse vegano.

O evento será realizado no Museu Futurista do Amanhã no Rio – Fabio Teixeira/Anadolu

Mais tarde, Jennings concordou com um menu vegano completo, incluindo produtos locais como raiz de mandioca, folha de jamb e castanha-do-pará, mas o preço cotado foi superior ao orçamento alocado para o evento, disseram fontes próximas às discussões.

Em vez disso, o museu optou por outro fornecedor, enquanto Jennings terá a oportunidade de cuidar do Príncipe William na cimeira COP30 em Belém, Brasil, no final do próximo mês.

“Não tenho nada contra os veganos ou os britânicos”, disse Jennings. “Mas não quero abandonar minha missão culinária. Meu trabalho sempre foi uma questão de equilíbrio, de honrar o que a floresta e os rios nos dão.”

Ele já havia cozinhado para a cerimônia de coroação do rei Carlos III. na Embaixada Britânica no Brasil, onde “fez fish and chips, mas com piarucu”.

O chef faz parte de um esforço comunitário para provar que a sustentabilidade e a tradição podem coexistir com as populações de pirarucu que estão se recuperando graças a programas de conservação que antes estavam ameaçados pela pesca excessiva.

“Comemos tudo o que a floresta nos dá, os rios nos dão. Tem dias que é peixe, outros dias é nozes e açaí. É assim que se parece a verdadeira sustentabilidade”, acrescentou.

“Talvez não tenha sido. Ainda acredito no que estou fazendo: ensinar às pessoas que respeitar o meio ambiente não significa rejeitá-lo.”

Sobre o cardápio que servirá no próximo mês, quando atender líderes mundiais a pedido do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ele diz: “Com todo o respeito, haverá peixe”.

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