Colômbia celebra o Dia Nacional da Mulher Procurada

BOGOTÁ, 23 de outubro (EFE).- Associações e instituições colombianas celebraram nesta quinta-feira o Dia Nacional de Reconhecimento das Buscadoras de Mulheres Vítimas de Desaparecimento Forçado com flores, fotos de desaparecidos e faixas na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá.

O dia contou com a exibição de um documentário e um evento com a presença de muitas mulheres em memória da líder social Yanet Bautista, ícone das mulheres Searcher, falecida em setembro passado.

“Esse trabalho é importante porque nos dá o reconhecimento que precisamos porque não temos recursos financeiros. Nos dá vida e força para continuar a luta”, disse à EFE a faxineira Maria Almaza, representante da Fundação Siga Meus Passos.

A ativista, do departamento caribenho de Bolívar, usava tranças coloridas nos cabelos, o que, segundo ela, refletia a tortura que sofreu enquanto procurava seu irmão, desaparecido durante o conflito armado.

“Fui estuprada e torturada em todos os departamentos onde fui procurar meu irmão desaparecido. Fui afetada em todas as áreas, por isso transformei essa violência nessas cores”, disse Almaza.

As organizações de mulheres apelaram ao presidente colombiano, Gustavo Petro, para que assinasse um “decreto regulamentar” necessário para promulgar uma lei que visa proteger as mulheres defensoras, que o governo aprovou em junho de 2024.

A lei “procura tornar visível a ação, a coragem e a perseverança destas mulheres que foram revistadas e atacadas em todas as áreas por grupos armados fora da lei”, explicou à EFE David Villalba, Diretor de Justiça Transicional do Ministério da Justiça, que assistiu a algumas das apresentações naquele dia.

Com base nesta lei, a Colômbia estabeleceu o dia 23 de outubro de 2024 como dia nacional para reconhecer os buscadores de mulheres vítimas de desaparecimento forçado.

No entanto, organizações como a Amnistia Internacional (AI) condenaram num comunicado que a implementação da lei foi “inconclusiva”, apesar de o governo ter pelo menos três meses para emitir um decreto regulamentando a “participação das empresas de busca no desenvolvimento e avaliação de políticas para construir a paz pública”.

“A primeira coisa que temos que fazer é assinar o decreto regulamentar da lei. Estamos ‘ad porta’ para isso. Esperamos que se consolide nos próximos dias e temos pela frente uma tarefa muito importante para implementar a lei”, acrescentou Villalba.

Luz Dari Santisteban, activista da Associação Mães pela Vida, apelou ao governo para “reconhecer o trabalho de quem procura mulheres”.

“Essa lei inclui o que a Unidade de Busca de Pessoas Desaparecidas (UBPD) não está fazendo, não nos reconhece como vítimas. Fiquei pobre, cansei de procurar meus irmãos e não tive reconhecimento”, acrescentou Santisteben.

Segundo dados da UBPD, um total de 124.734 pessoas desapareceram na Colômbia em consequência do conflito armado antes de 1 de dezembro de 2016, quando entrou em vigor o acordo de paz entre o governo colombiano e a extinta guerrilha FARC.



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