Advogados que representam detidos em um polêmico centro de detenção de imigração em Everglades, na Flórida, estão instando um juiz federal a fazer uma visita não programada à instalação, apelidada de “jacaré Alcatraz”. Argumentam que a visita é necessária para garantir que os presos tenham acesso adequado e confidencial ao seu advogado.
Em documentos judiciais de sexta-feira, os advogados dos detidos pediram à juíza distrital dos EUA, Sherry Polster Chappell, que fizesse a viagem nos próximos dois meses. A investigação centrou-se na questão de saber se os prisioneiros tinham permissão para se reunir regularmente com os seus advogados. O centro de detenção, estabelecido no verão passado numa remota pista de pouso nos Everglades sob a administração do governador republicano Ron DeSantis, está sob escrutínio pelo tratamento que dispensa aos detidos.
No seu processo federal, os reclusos alegam que o sistema actual prejudica os seus direitos legais. Ela insiste que os advogados agendem as visitas com três dias de antecedência, o que contrasta fortemente com as práticas padrão em outros centros de detenção de imigração. As queixas incluem transferências frequentes de detidos, que ocorrem depois de os advogados terem marcado um encontro com eles, e longos atrasos na programação que dificultam consultas jurídicas atempadas.
Os defensores dos presos apontaram para o precedente de tribunais federais realizarem visitas ao local como meio de apuração de fatos, especialmente em casos que envolvem penas de prisão.
Contudo, os advogados que representam o estado da Florida opuseram-se veementemente à visita proposta, argumentando que um juiz federal não tem autoridade para inspecionar uma instalação estatal. Alegam que uma visita não só apresentaria riscos de segurança significativos, mas também imporia um fardo significativo ao pessoal da instituição, perturbando as operações da instituição.
O juiz ainda não se pronunciou sobre o pedido de visitação. O juiz Chappell, de Fort Myers, facilitou recentemente uma reunião entre defensores encarcerados e advogados do governo estadual e federal. Após nove horas de discussão, nenhum acordo foi alcançado.
A batalha legal sobre o acesso ao sistema judicial no centro de detenção é um dos três processos federais que desafiam atualmente diversas práticas na instalação. Outro processo argumenta que a fiscalização da imigração está apenas sob jurisdição federal e questiona a autoridade das agências estaduais e dos empreiteiros privados que operam as instalações. Em decisão recente, um juiz negou o pedido dos internos de liminar visando o fechamento do centro.
Além disso, um juiz federal em Miami ordenou anteriormente que o centro cessasse as operações por não ter analisado o impacto ambiental da instalação. Contudo, um tribunal de recurso interveio e suspendeu temporariamente essa ordem, permitindo que o centro de detenção permanecesse operacional. Os reclusos nas instalações expressaram preocupações sobre o saneamento inadequado, incluindo latrinas avariadas, inundações causadas por excrementos e a presença generalizada de mosquitos e outros insectos.
O centro ganhou atenção significativa da mídia no verão passado, quando o então presidente Donald Trump visitou as instalações, sugerindo que poderia servir de modelo para instalações semelhantes em todo o país, à medida que a sua administração procurava aumentar a infra-estrutura necessária para lidar com o aumento das deportações.






