Em meio ao crescente escrutínio e à indignação pública sobre as operações militares que visam navios de drogas no Caribe, o secretário da Guerra, Pete Hegseth, confirmou que o presidente Donald Trump tem autoridade para lançar operações militares “como achar melhor”. Os comentários de Hegseth seguiram-se a um polêmico ataque em 2 de setembro que resultou na morte de civis e de supostos sobreviventes.
Num discurso proferido na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, Califórnia, Hegseth sublinhou o compromisso do governo dos EUA no combate às operações de tráfico de drogas. “Se você trabalha para uma organização terrorista designada e está trazendo drogas para este país em um barco, nós vamos encontrá-lo e afundá-lo”, afirmou ele, emitindo um alerta severo contra os envolvidos. Ele chamou Trump de “verdadeiro herdeiro” da política externa de Reagan, sugerindo que a administração não se deixaria influenciar por considerações como a promoção da democracia ou as alterações climáticas.
Hegseth observou que as ações militares dos EUA são comparáveis às respostas após os ataques terroristas de 11 de setembro, equiparando os traficantes de drogas a agentes de grupos como a Al-Qaeda. Assegurou que Trump tomaria medidas decisivas para proteger os interesses nacionais e instou os adversários internacionais a não subestimarem este compromisso.
Apesar da confiança de Hegseth na ação militar, ele enfrentou críticas pelo ataque de setembro. Ele assumiu a responsabilidade pela decisão de realizar o ataque subsequente, que descreveu como a “névoa da guerra” e atribuiu a decisão ao almirante Frank Bradley, que estava no comando durante a operação. Hegseth expressou seu apoio a Bradley, observando que as escolhas do almirante foram justificadas pelas circunstâncias.
À medida que o descontentamento público aumenta, Hegseth é convidado a testemunhar sob juramento sobre os acontecimentos do Segundo Ataque. A procura é alimentada por uma reportagem da CNN que indica que o almirante Bradley informou aos legisladores que o navio estava numa viagem destinada a fazer ligação com uma frota maior com destino ao Suriname. Numa publicação no TruthSocial, Trump defendeu a ação militar, afirmando que o ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam em águas internacionais.
O secretário de Estado, Marco Rubio, acrescentou ao discurso sugerindo que o navio interceptado provavelmente se dirigia para Trinidad ou outro local do Caribe, complicando ainda mais a situação. No meio da reacção, foi dada ênfase à clarificação das ordens em torno da operação, especialmente depois de relatos de que as tropas receberam ordens para eliminar todas as pessoas a bordo dos navios de droga. O Washington Post revelou que após a realização do segundo ataque, os protocolos militares foram posteriormente revistos para permitir o resgate dos sobreviventes encontrados em tais operações.
A administração enfrenta um desafio significativo na restauração da confiança pública e na abordagem das implicações legais e éticas destas tácticas militares. À medida que as investigações sobre as operações prosseguem, o escrutínio em curso poderá moldar futuras decisões políticas sobre acções militares contra o tráfico de droga em águas internacionais.



